O ENXOFRE



Este é o símbolo chamado "Especulum Veritatis", do latim, que significa "Espelho da Verdade". Esta imagem é obtida da Vigésima terceira imagem de um conjunto de desenhos da obra alquímica do século XVII, obra atribuída a Thomas Vaughan, que em sua obra "Speculum Veritatis" ('Espelho da Verdade') utiliza o pseudônimo Eugenius Philalethes. Este símbolo simples de um triângulo de fogo com 3 setas radiantes abaixo, é o terceiro símbolo alquímico para o Enxofre e representa o "rei vermelho perfeito", o enxofre dos filósofos. Na Alquimia, o Enxofre representa o Sol, o elemento masculino ardente (a contrapartida da Lua, Mercúrio, o elemento feminino), o casamento celestial (conjunção). Quimicamente, o enxofre vermelho é uma mistura de mercúrio (espírito) e enxofre (alma), cujo casamento também representa o objetivo final do trabalho alquímico. Este emblema aparece em Constantine, a adaptação da série de quadrinhos HellBlazer, como uma tatuagem usada como um dispositivo de proteção pelo personagem principal, usado para invocar o anjo que o protege. Esta versão particular do enxofre foi chamada de "o enxofre do homem sábio". Estes termos destinam-se a descrever o enxofre simbólico e não a substância física chamada enxofre. Alquimistas antigos pensavam que todas as coisas criadas consistiam em enxofre, sal e mercúrio, que corresponderia a Yang, Yin e o Tao no taoísmo.

Houve um tempo em que o enxofre era elemento de pouca serventia. Seu consumo limitava-se unicamente aos demônios, gênios e outros seres sobrenaturais, que o usavam para produzir a fumaça que sempre precedia suas aparições. Hoje em dia, porém, as coisas estão mudadas e o enxofre (que os latinos chamam de sulphur) é consumido em grandes quantidades, não mais com o objetivo de criar clima dramático e sim com fins muito práticos. Na lavoura, como adubo. Na indústria, como componente de inúmeros produtos. E na medicina, com uma infinidade de aplicações.

O enxofre é um não-metal, isto é, um elemento que não tem característica de metal. Dessa forma, conduz mal tanto a eletricidade como o calor. Para fundi-lo, é necessária uma temperatura de 112,8ºC. Seu número atômico é 16 e, nas equações químicas, ele aparece designado pelo símbolo “S” – de sulphur, em latim. A massa específica do enxofre é 2,07 g por centímetro cúbico. Sua massa atômica é 32,066. 

Enxofre em seu estado puro


A original teoria de mestre Geber

Retrato europeu do século XV de Jabir ibn Hayvan, ou "Geber", tirado do "Códice Ashburnham Ani", de 1166. Biblioteca "Medicea Laurenziana", em Florença. Geber é considerado o "Pai da Química".

Ao que parece, o primeiro indivíduo a identificar e utilizar o enxofre foi o alquimista árabe chamado Jabir ibn Hayvan (conhecido por Geber), que viveu por volta do ano 776 da era cristã. A propósito da substância, ele desenvolveu uma curiosa teoria, segundo a qual todos os metais se compunham basicamente de mercúrio e enxofre em diferentes proporções.

A combinação entre eles ocorria por meio de espantosos processos, desenrolados no centro da Terra. Se o mercúrio fosse muito puro e o enxofre muito limpo, o produto resultante seria ouro ou prata. E, conforme o grau de impureza de um e de outro, a combinação resultaria em outros metais. De acordo com Geber, modificando as proporções dos componentes e “limpando’ o enxofre, seria possível converter qualquer metal em ouro e prata. Não é preciso dizer que ninguém chegou a realizar a façanha. Bem mais tarde, na Idade Média, o enxofre passou a ser usado como remédio e, a partir do século XIV, ganhou uma nova função: misturado com carvão e salitre, deu origem à pólvora.


Na cebola, nas pessoas e em crateras de vulcão


Recipiente farmacêutico para enxofre da primeira metade do século XX. Da coleção do "Museo del Objeto del Objeto" (MODO), museu da Cidade do México e o primeiro museu no México dedicado ao design e comunicações. 

O enxofre em seu estado livre é retirado de depósitos subterrâneos de rochas sedimentares. Provém da transformação de grandes camadas de sulfato de cálcio (em latim, gypsium), depositadas pelo mar ao longo de milênios. Mas nas fendas de lava solidificada nas encostas dos vulcões e dentro das próprias crateras também costumam existir depósitos de enxofre em estado relativamente puro. A maior parte da produção mundial, entretanto, provém de depósitos sedimentares localizados no Texas e na Luisiana, nos Estados Unidos, e em Vera Cruz, no México. Ali, o minério se apresenta impregnando diversos tipos de calcários porosos. Já na Sicília, onde os depósitos são de origem vulcânica, o sulfato de cálcio aparece associado ao enxofre.

O enxofre também aparece em certas regiões onde existem fontes cujas águas são acentuadamente sulfurosas. Até nas criaturas vivas o enxofre se apresenta, fazendo parte do tecido e da estrutura do homem, de diversos animais e ainda de vegetais como a cebola, o alho e a mostarda.  


Um homem carregando blocos de enxofre no vulcão Kawah Ijen, um vulcão no Leste de Java. Indonésia, 2009


Este é considerado o primeiro símbolo alquímico do enxofre


Este é considerado o terceiro símbolo alquímico do enxofre. Ao todo, existem pelo menos 14 símbolos alquímicos diferentes que representam o enxofre. 



O forno Gill


Método siciliano de extração de enxofre

Os romanos, que usavam o enxofre para fumigações e limpeza de tecidos, foram os primeiros a criar um método para a sua obtenção: distribuíam o material em pilhas cônicas, cobriam-nas com terra e depois ateavam fogo. Com o calor, o enxofre fundia-se e escorria, sendo recolhido embaixo. Mas, como o enxofre é muito inflamável, perdia-se um terço. O forno Gill, concebido em 1880, baseia-se no mesmo princípio. Nele, o calor da combustão do minério queimado num compartimento se comunica ao minério contido noutro ao lado, de modo a fundir o enxofre.



O método Frasch


Herman Frasch, ou Hermann Frasch, (25 de dezembro de 1851 em Oberrot bei Gaildorf, Württemberg - 1 de maio de 1914, em Paris) foi um químico, engenheiro de minas e inventor conhecido por seu trabalho com petróleo e enxofre.


Quando o enxofre está a grande profundidade, sob camadas de areia, lodo e arenito impregnado de gás ou petróleo, adota-se um método que foi criado em 1891 pelo engenheiro Herman Frasch e que é muito parecido com o processo de extração de petróleo.

Primeiro, faz-se um poço de penetração, onde é introduzido um tubo de grande diâmetro, em cujo interior vão dois outros, concêntricos. Quando esse conjunto de tubos alcança a jazida, injeta-se água aquecida a 180ºC, sob pressão, pelo tubo maior. Nesta temperatura, e submetida a pressão de 10 atmosferas ou mais, a água permanece líquida. Escapando através de diversos orifícios, essa água quente faz fundir o enxofre em volta. Este, ainda líquido, é trazido à superfície através do tubo intermediário e graças à pressão de um jato de ar quente.

Ilustração que mostra a estrutura de uma cúpula de sal contendo enxofre e os detalhes da bomba de Frasch usada para extrair o enxofre de formações subterrâneas. A água superaquecida é bombeada para a formação para derreter o enxofre. O enxofre fundido é levantado para a superfície com ar comprimido


No Brasil, ainda não se conhecem jazidas importantes de enxofre: sua produção restringe-se ao aproveitamento dos gases residuais das refinarias de petróleo e "hulha" (um tipo de carvão mineral que contém betume, uma mistura líquida de alta viscosidade, cor escura e é facilmente inflamável). Mas no futuro poderá ser produzido em grande quantidade, pois nas jazidas de *pirita – bastante abundantes – o teor do enxofre é muito elevado.

Vela de enxofre originalmente vendida para fumigação doméstica. Velas de enxofre de quase puro enxofre eram queimadas para fumigar estruturas e barris de vinho, mas agora são consideradas muito tóxicas para residências.

Tanque de enxofre do qual os vagões ferroviários são carregados. Foto tirada da Freeport Sulphur Company em Freeport, no Texas.


*Pirita ou pirite, também pirite de ferro ou pirita de ferro é um dissulfeto de ferro, FeS2. Tem os cristais isométricos que aparecem geralmente como cubos, mas também frequentemente como octaedros ou piritoedros (dodecaedros com faces pentagonais). Devido ao seu brilho metálico e à cor amarelo-dourada, recebeu também o apelido de "ouro-dos-tolos" (ou 'ouro-dos-parvos'); ironicamente, contudo, pequenas quantidades de ouro podem às vezes ser encontradas disseminadas nas piritas. Com efeito, dependendo da quantidade de ouro, a pirita aurífera pode mesmo ser uma fonte valiosa deste metal precioso. Em piritas podem ocorrer também arsênio, níquel, cobalto e cobre. (Wikipedia)


Cristais cúbicos de pirita




Texto reproduzido por: Eric Tormentvm Aeternvm XVI/XIII 

Fonte do texto: "Enciclopédia Novo Conhecer",   Vol. VIII. Editora Abril Cultural, 1977. 

Fotos e ilustrações: Internet

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