SACRIFÍCIO ASTECA (Texto original por Mark Catwrigth)




A religião da civilização asteca que floresceu na antiga Mesoamérica (1345-1521 d.c.) ganhou uma reputação infame de sacrifício humano sedento de sangue com histórias sinistras do coração batendo sendo arrancado da vítima ainda consciente, decapitação, esfola, desmembramento e canibalismo. Todas essas coisas aconteceram, mas é importante lembrar que para os astecas o ato de sacrifício - do qual o sacrifício humano era apenas uma parte - era um processo estritamente ritualizado que dava a mais alta honra possível aos deuses e era considerado uma necessidade para assegurar a continuidade da prosperidade da humanidade.


Origens e Propósito

Ritual asteca de sacrifício humano retratado na página 141 do "Codex Magliabechiano"('Códice Magliabechiano')Os códices astecas são livros escritos pelos astecas pré-colombianos e da era colonial. Estes códices constituem algumas das melhores fontes primárias sobre a cultura asteca. Alguns desses vários códices serão mencionados no decorrer do texto. 

Os astecas não foram a primeira civilização na Mesoamérica a praticar o sacrifício humano, como provavelmente foi a *civilização olmeca (1200-300 a.c.) que primeiro iniciou tais rituais sobre suas pirâmides sagradas. Outras civilizações, como os maias e os toltecas, continuaram a prática. Os astecas, no entanto, levaram o sacrifício a uma escala sem precedentes, embora essa escala tenha sido, sem dúvida, exagerada pelos primeiros cronistas durante a conquista espanhola, provavelmente para reivindicar aos próprios espanhóis o tratamento brutal dos povos indígenas. No entanto, acredita-se que centenas, talvez milhares de vítimas foram sacrificadas a cada ano nos grandes locais religiosos astecas e não se pode negar que também teria havido um efeito secundário útil da intimidação em visitar embaixadores e a população em geral.

Foto da "Grande Pirâmide" em 'La Venta', um sítio arqueológico pré-colombiano da civilização olmeca localizado no atual estado mexicano de Tabasco. Como um centro cerimonial, La Venta contém uma série elaborada de oferendas enterradas e túmulos, bem como esculturas monumentais. Estes monumentos de pedra, estelas e "altares" (onde eram realizados os sacrifícios humanos)  foram cuidadosamente distribuídos entre os montes e plataformas. Os montes e plataformas foram construídos em grande parte a partir de areias e argilas locais. Supõe-se que muitas dessas plataformas já foram cobertas com estruturas de madeira, que há muito desapareceram. Alguns dos artefatos foram transferidos para o museu "Parque - Museo de La Venta", que fica nas proximidades de Villahermosa, a capital de Tabasco. 

"Monumento 19", de La Venta, a primeira representação conhecida de uma 'serpente emplumada' ('Quetzalcoatl') na Mesoamérica

Na cultura mesoamericana, os sacrifícios humanos eram vistos como um pagamento pelos sacrifícios que os deuses haviam feito na criação do mundo e do sol. Essa idéia de pagamento era especialmente verdadeira em relação ao mito do monstro reptiliano Cipactli (ou Tlaltecuhtli). Os grandes deuses Quetzalcoatl (que significa "A Serpente Emplumada") e Tezcatlipoca (que significa "O Senhor do Espelho Fumegante") rasgaram a criatura em pedaços para criar a terra e o céu e todas as outras coisas como montanhas, rios e nascentes vieram de suas várias partes do corpo. Para consolar o espírito de Cipactli, os deuses prometeram corações humanos e sangue em apaziguamento. De outro ponto de vista, os sacrifícios eram uma compensação aos deuses pelo crime que provocou a humanidade na mitologia asteca. Na história, Ehecatl-Quetzalcóatl roubou ossos do submundo e com eles fez os primeiros seres humanos para que os sacrifícios fossem um pedido de desculpas necessário aos deuses. 

Cipactli, "Monstro da Terra". Datada do século XV


Monólito de Tlaltecuhtli descoberto na Cidade do México em 2006 (datada de aproximadamente 1502 d.c.). Tlaltecuhtli é uma divindade mesoamericana pré-colombiana adorada principalmente pelo povo **'mexica' ('asteca'). Às vezes referido como o "monstro da terra", o corpo desmembrado de Tlaltecuhtli foi a base para o mundo na história de criação asteca do quinto e último cosmos. Nas esculturas, Tlaltecuhtli é frequentemente descrito como um ser antropomórfico com braços e pernas espalhados. Considerada a fonte de todos os seres vivos, ela precisava ser mantida saciada por sacrifícios humanos que assegurariam a ordem contínua do mundo. Tlaltecuhtli é conhecido a partir de vários manuscritos pós-conquista que pesquisaram a mitologia mexica e seus sistemas de crenças, como o 'Histoyre du méchique', o Códice Florentino e o Códice Bodley, ambos compilados no século XVI. 


Quetzalcoatl, a "Serpente Emplumada" (esq.), e Tezcatlipoca, o "Senhor do Espelho Fumegante" (dir.), se enfrentam. Quetzalcoatl é o deus asteca do vento, do ar e do aprendizado, enquanto que Tezcatlipoca é o deus do céu noturno, da lua e das estrelas, senhor do fogo e da morte. Uma das figuras mais temidas do panteão asteca, criador do mundo, vigilante das consciências. Às vezes é representado como um jaguar e carrega no peito um espelho através do qual podia ver toda a humanidade. "Senhor do Espelho Fumegante" alude à sua conexão com a 'obsidiana', o material do qual eram feitos espelhos na Mesoamérica que eram usados para rituais e profecias xamânicas.


Espelho de mão asteca (o chamado "espelho fumegante") feito de 'obsidiana'. Esses espelhos fabricados na Mesoamérica eram usados para rituais e profecias xamânicas. A 'Obsidiana' é uma rocha ígnea extrusiva constituída quase integralmente por um tipo de vidro vulcânico com 70% ou mais de sílica (SiO2 - dióxido de silício) na sua composição química. O espelho na foto pertenceu ao astrônomo britânico ***John Dee, e atualmente se encontra no Museu Britânico. 

Blocos e 'lâminas' de obsidiana provenientes do sítio maia de Takalik Abaj, um sítio arqueológico pré-colombiano situado na Guatemala. Os punhais sacrificiais astecas também eram feitos de obsidiana. 

Estátua de Ehecatl-Quetzalcoatl, no Museu do Brooklyn, em Nova Iorque. Ehecatl é o deus do vento na mitologia asteca e em outras culturas da Mesoamérica. Usualmente é interpretado como uma das manifestações de 'Quetzalcoatl', 'a serpente emplumada', tomando o nome de Ehécatl-Quetzalcoatl, representando o aspecto tenebroso deste deus. É um dos deuses principais da criação e herói cultural nas mitologias de criação do mundo.'Ehecatl' significa 'vento' em 'náuatle' (uma língua pertencente à família (indígena) uto-asteca, usada pelo povo indígena náuatle e falada no território atualmente correspondente à região central do México desde pelo menos o século VII).

Templo da Serpente Emplumada em Xochicalco, adornado com uma Serpente de penas totalmente 'zoomórfica' (que consiste em comparar personagens a animais quando elas se deixam guiar pelos instintos)

Os deuses então eram "alimentados" e "nutridos" com o sangue e a carne sacrificados que asseguravam o equilíbrio e a prosperidade contínuos da sociedade asteca. Em náuatle, a palavra para sacrifício é vemana que deriva de ventli (oferenda) e mana, "se espalhar", representando a crença de que sacrifícios ajudaram no ciclo de crescimento e morte em comida, vida e energia. Assim, a carne era queimada (e, por vezes, comida) ou sangue derramado sobre as estátuas de divindades para que os deuses pudessem participar diretamente dela. Talvez o exemplo quintessencial de "alimentar" os deuses fossem as cerimônias para garantir que Tezcatlipoca, o deus do sol, estivesse bem nutrido para ter a força necessária para levantar o sol todas as manhãs. 

Visão espanhola do deus asteca Huitzlopochtli, (traduzido por Beija-flor Azul ou Beija-flor Canhoto ou ainda Beija-flor do Sul) que era o deus do Estado e da guerra asteca. Era o padroeiro da cidade de Tenochtitlán (atual Cidade do México), capital da confederação asteca. Aqui, ele é retratado como um ser demoníaco.

Nesta outra obra espanhola semelhante à anterior, Huitzilopochtli é descrito como "um César em Roma". Ambas as obras são de autoria anônima.


Huitzilopochtli, como descrito no 'Códice Telleriano-Remensis' 


Sacrifícios não humanos



A coleta de sangue e a autoagressão - por exemplo, das orelhas e pernas usando 'espinhos de ossos' ou maguey - e a queima de tiras de papel encharcadas de sangue eram uma forma comum de sacrifício, assim como a queima de tabaco e incenso. Outros tipos de sacrifício incluíam a oferta de outras criaturas vivas, como veados, borboletas e cobras. Em certo sentido, oferendas eram dadas em sacrifício, objetos preciosos que eram entregues voluntariamente para os deuses desfrutarem. Nesta categoria estavam os alimentos e objetos de metais preciosos, jade e conchas que podiam ser ritualmente enterrados. Uma das ofertas mais interessantes era a massa de imagens dos deuses (tzoalli). Estes eram feitos de amaranto moído misturado com sangue humano e mel, com a efígie sendo queimada ou comida após o ritual.

Uma foto de uma tzoalli moderna


Preparando as Vítimas

Vítima do ritual de combate sacrificial chamado 'sacrificio gladiatorio' em espanhol e 'tlahuahuanaliztli', ou 'tlauauaniliztli' em linguagem nahuatl. Obra retratada no 'Códice Magliabechiano'

Com sacrifícios humanos, as vítimas do sacrifício eram mais freqüentemente selecionadas de guerreiros cativos. De fato, a guerra era freqüentemente conduzida com o único propósito de fornecer candidatos para o sacrifício. Essa era a chamada "guerra florida" (xochiyaoyotl), onde os engajamentos indecisos eram o resultado dos astecas estarem satisfeitos em receber apenas cativos suficientes para o sacrifício e onde o estado de Tlaxcala, no leste, era um local de caça favorito. Aqueles que lutavam com mais bravura ou eram os mais bonitos eram considerados os melhores candidatos para o sacrifício e mais propensos a agradar os deuses. De fato, o sacrifício humano era particularmente reservado para as vítimas mais dignas e era considerado uma grande honra, uma comunhão direta com um deus.

Obra retratando uma "Guerra florida" ('xochiyaoyotl'). Estas guerras criavam um fornecimento estável de guerreiros astecas experientes e prisioneiros de guerra para o sacrifício humano. As Guerras floridas eram organizadas pelos imperadores tendo como alvo cidades inimigas e realizadas especificamente com a finalidade de recolher prisioneiros para o sacrifício. Uma guerra de flores ou guerra florida era uma guerra ritual travada intermitentemente entre a Aliança Tripla Asteca e seus inimigos desde "meados de 1450 até a chegada dos espanhóis em 1519". Os inimigos incluíam as cidades-estado de Tlaxcala, Huejotzingo e Cholula no vale de Tlaxcala-Pueblan, no centro do México. Nessas guerras, os participantes lutariam de acordo com um conjunto de convenções. Durante a conquista espanhola do império asteca, Tlaxcala aliou-se aos espanhóis contra os astecas, ansiosa para derrotar seus inimigos de guerra de flores de longa data.

Outra fonte de vítimas do sacrifício foram os jogos de bola rituais em que o capitão perdedor ou até mesmo a equipe inteira pagava o preço final pela derrota. As crianças também poderiam ser sacrificadas, em particular, para honrar o deus da chuva Tlaloc em cerimônias realizadas nas montanhas sagradas. Acreditava-se que as próprias lágrimas das vítimas infantis propiciariam a chuva. Os escravos eram outro grupo social do qual as vítimas sacrificiais eram escolhidas, elas podiam acompanhar seu governante na morte ou ser oferecidas pelos comerciantes para garantir a prosperidade nos negócios. 

Vaso efígie de Tlaloc, o deus da chuva. Feito de louça de barro pintada, e datada entre 1440–1469. Atualmente se encontra no Museu do Templo Mayor, na Cidade do México, antiga Tenochtitlan, considerada a capital do Império Asteca. 



Enterro asteca de uma criança sacrificada em Tlatelolco

Entre as vítimas sacrificiais mais honradas estavam os imitadores de deuses. Os indivíduos especialmente escolhidos estavam vestidos como um deus particular antes do sacrifício. No caso do imitador de Tezcatlipoca no ritual durante o Tágcatl (o sexto ou quinto mês do ano solar asteca) a vítima foi tratada como realeza por um ano antes da cerimônia de sacrifício. Orientada por sacerdotes, dada uma comitiva feminina e homenageada com danças e flores, a vítima era a manifestação do deus na terra até aquele momento brutal final quando conhecia seu criador. Talvez até pior fosse o imitador de Xipe Totec que, no clímax do festival de "Tlacaxipehualiztli" (o festival anual de Xipe Totec que era comemorado no equinócio da primavera antes do início da estação chuvosa), era esfolado vivo para homenagear o deus que era conhecido como o "Esfolado".

Tezcatlipoca retratado no 'Códice Rios' no aspecto de um jaguar - nesta forma ele era chamado de 'Tepeyollotl'. 


Na mitologia asteca, Tepēyōllōtl (em linguagem nahuatl significa"coração das montanhas"; também Tepeyollotli) era o deus dos terremotos, ecos e jaguares. Ele é o deus da oitava hora da noite e é retratado como um jaguar saltando em direção ao sol. No calendário, Tepeyollotl governa o terceiro dia, Calli (casa) e o terceiro trecena (ou seja, cada mês asteca possuía somente 13 dias), 1-Mazatl (cervo). Ele é o oitavo Senhor da Noite. Tepeyollotl é geralmente representado como um vesgo segurando o bastão branco típico com penas verdes. Às vezes Tezcatlipoca usava Tepeyollotl como uma pele de animal ou disfarce para enganar outros deuses para não saber quem ele era.


Estátua de cerâmica de Xipe Totec da costa do Golfo, agora no Museu da América em Madrid. Xipe-Totec era considerado o deus da fertilidade para os astecas. Era o deus da vegetação primaveril, da Primavera eterna, dos vegetais. Significa "nosso senhor esfolado", coberto com a pele de uma vitima de sacrifício, que simbolizava a vegetação que cada ano cobre a terra. Era muito relacionado com Huitzilopochtli, já que Xipe Totec era um antigo deus guerreiro. Para honrá-lo, sacerdotes esfolavam seres humanos, arrancando a pele da vítima viva na 'Tlacaxipehualiztli', a festa de Xipe Totec, que também era considerado o deus da Terra e da Primavera. Também era um deus Tolteca. (Wikipedia)

Ritual e Morte

Sacrifício humano asteca retratado no códice 'Tudela', do Século XVI

Conduzidos em templos especialmente dedicados no topo de grandes pirâmides, como em Tenochtitlan, Texcoco e Tlacopan, os sacrifícios eram geralmente feitos esticando a vítima sobre uma pedra especial, abrindo o tórax e removendo o coração usando uma faca de obsidiana ou de sílex. O coração foi então colocado em um vaso de pedra (cuauhxicalli) ou em um chacmool (uma figura de pedra esculpida com um recipiente em seu umbigo) e queimado em oferenda ao deus sendo sacrificado. Alternativamente, a vítima pode ser decapitada e desmembrada. Sugere-se que esse método era tipicamente reservado para vítimas femininas que personificavam deuses como Chalchiuhtlicue, mas imagens gravadas pelos espanhóis em vários Códices mostram corpos decapitados sendo jogados nos degraus das pirâmides. Aqueles sacrificados a Xipe Totec também eram esfolados, provavelmente em imitação de sementes que soltam suas cascas. 

Estátua de 'Chalchiuhtlicue' (ou outra deusa da água) na 'Pirâmide da Lua', uma pirâmide na cidade de Teotihuacan (atual Cidade do México)Chalchiutlicue é a deusa dos lagos e das correntes d'água. Também é a patrona dos nascimentos e desempenha um papel importante nos batismo dos astecas. É também uma deusa de Teotihuacán, representa literalmente a deusa da água, não confunda com a deusa da chuva. Muito importante para todos que nela acreditavam, pois a pesca e outras atividades envolvendo a água como a natação dependiam da vontade dela. Era casada com o deus Tlaloc, deus da chuva, umidade, dos raios e das tormentas. (Wikipedia)

Vista panorâmica da 'Pirâmide da Lua' (Wikipedia) 



Um 'cuauhxicalli' ou 'quauhxicalli' (que significa "tigela de cabaça de águia" em língua náuatle) era um vaso de pedra semelhante ao altar usado pelos astecas para armazenar corações humanos extraídos em cerimônias de sacrifício. Um cuauhxicalli seria frequentemente decorado com formatos de animais, geralmente águias ou onças. Outro tipo de cuauhxicalli é o tipo 'Chacmool', que tem a forma de uma pessoa reclinada segurando uma tigela em sua barriga (ver abaixo).

"Chacmool" (ou chac-mool) é o termo usado para se referir a uma forma particular de escultura mesoamericana pré-colombiana representando uma figura reclinada com a cabeça voltada 90 graus para a frente, apoiando-se nos cotovelos e sustentando uma tigela ou um disco sobre o estômago. Essas figuras possivelmente simbolizavam guerreiros mortos levando oferendas aos deuses; a tigela sobre o peito era usada para oferecer sacrifícios, incluindo pulque, tamales, tortillas, tabaco, perus, penas e incenso. Em um exemplo asteca, o receptáculo é um cuauhxicalli (uma tigela de pedra para receber corações humanos sacrificados). 'Chacmools' eram freqüentemente associados com pedras sacrificiais ou tronos. As chacmools astecas traziam imagens de água e eram associadas a Tlaloc, o deus da chuva. Seu simbolismo colocou-os na fronteira entre os reinos físico e sobrenatural, como intermediários com os deuses. A forma de escultura chacmool apareceu pela primeira vez por volta do século IX no vale do México e no norte da península de Yucatán.


As vítimas também poderiam ser sacrificadas em um processo mais elaborado, onde uma única vítima foi feita para lutar em uma competição de gladiadores contra um esquadrão de guerreiros escolhidos a dedo. Naturalmente, a vítima não tinha possibilidade de sobreviver a essa provação ou mesmo infligir qualquer dano a seus oponentes, já que não apenas estava amarrado a uma plataforma de pedra (temalacatl), mas sua arma era geralmente um clube de penas enquanto seus oponentes tinham espadas de obsidiana afiadas (macuauhuitl). Em outro método, as vítimas poderiam ser amarradas a uma armação e arremessadas com flechas ou dardos e, talvez no pior dos métodos, a vítima fosse repetidamente atirada ao fogo e então seu coração fosse removido.

A 'Temalacatl' (que significa literalmente "pedra redonda" em língua náuatle) na foto acima é conhecida como 'A pedra de Moctezuma I'. 'A Pedra de Moctezuma I' é um monólito de pedra pré-colombiana que remonta ao domínio de Moctezuma I (1440-1469), o quinto 'tlaltoani' ('governante') de Tenochtitlan. O monólito também é conhecido como a Pedra de Moctezuma Ilhuicamina, o Cuauhxicalli de Moctezuma Ilhuicamina, a Pedra do Arcebispo, a Pedra Ex-Arzobispado e o Monólito Sánchez-Nava. Fontes históricas referem-se a ele simplesmente como "temalácatl".

Desenho de linha do disco solar no topo da pedra

Moctezuma I no Códice Mendoza 

Uma recriação moderna de um 'Macuahuitl' cerimonial. Um 'macuahuitl' é um taco de madeira com lâminas feitas de obsidiana. O nome é derivado da língua náuatle e significa "mão de madeira". Seus lados estão embutidos com lâminas prismáticas tradicionalmente feitas de obsidiana; a obsidiana é capaz de produzir uma borda mais afiada do que as lâminas de aço de alta qualidade. O 'macuahuitl' era uma arma padrão de combate próximo. O uso do 'macuahuitl' como arma é atestado desde o primeiro milênio d.c. Na época da conquista espanhola, o 'macuahuitl' era amplamente distribuído na Mesoamérica. A arma foi usada por diferentes civilizações, incluindo os astecas (mexicas), maias, mixtecas e toltecas.

Guerreiros astecas, cada um empunhando a sua macuahuitl. Códice Florentino, Vol. IX (século XVI)

Kothal Khan, personagem da clássica franquia de jogos de luta "Mortal Kombat", aparece como um dos novos personagens no Mortal Kombat X, e é provavelmente inspirado em Huitzlopochtli, o deus asteca da guerra. Sua arma principal é o próprio macuahuitl. 


Após o sacrifício, os chefes das vítimas poderiam ser exibidos em prateleiras (tzompantli), cujas representações sobrevivem na decoração arquitetônica em pedra, notadamente em Tenochtitlán. A carne dos sacrificados também era, de vez em quando, comida pelos sacerdotes que conduziam o sacrifício e por membros da elite governante ou guerreiros que haviam capturado as vítimas. 

Tzompantli encontrado na Cidade do México, próximo ao 'Templo Mayor'



Alguns dos crânios exibidos no 'tzompantli' foram transformados em máscaras. O nariz deste é uma lâmina feita de obsidiana como as usadas no sacrifício humano. Foto tirada do Museu da Cidade do México

Uma representação do canibalismo na cultura asteca. Códice Magliabechiano, página 73

Estatueta de "Mictlantecuhtli" no Museu de Antropologia de Xalapa, México, 2001. Não há como falar da mitologia asteca sem mencionar um dos deuses mais importantes de seu panteão: denominado 'Micli' ou 'Mictlantecuhtli' (Senhor do Reino dos Mortos, na língua asteca), ele é o deus governante de Mictlan, a camada mais profunda do submundo asteca. É um dos mais assombrosos deuses astecas conhecidos, representado como uma pessoa vestindo uma caveira com dentes salientes, ou como um esqueleto. Sua esposa é "Mictecacihuatl". Seus animais simbólicos são a aranha, a coruja e o morcego. É o deus regente do signo do Cão no horóscopo asteca. 'Mictecacihuatl' tem o papel de zelar pelos ossos dos mortos e presidiu ao longo do tempo os antigos festivais dos mortos, evoluindo da tradição asteca para o Dia dos Mortos moderno, após síntese com tradições culturais espanholas. Segundo a lenda, os mortos, ao entrar no reino de Mictlan, tem sua carne lavada dos ossos por uma ventania de facas. O único alimento no Mictlan eram cobras venenosas. Mictecacihuatl é conhecida como a Senhora dos Mortos, pois acredita-se que ela nasceu e foi sacrificada. Seu culto muitas vezes se confunde também com cultos mexicanos em honra de Santa Muerte.

Mictēcacihuātl como descrita no Codex Borgia. Na mitologia asteca, Mictēcacihuātl (literalmente "Senhora dos Mortos") é a Rainha de Mictlān, o submundo, governando a vida após a morte com Mictlāntēcutli, divindade que é seu marido. É também a deusa do sacrifício. Seu papel é vigiar os ossos dos mortos e presidir as antigas festas dos mortos. Esses festivais evoluíram das tradições astecas para o moderno Dia dos Mortos após a síntese das tradições espanholas. Ela agora preside o festival contemporâneo também. Ela é conhecida como a "Senhora dos Mortos", pois acredita-se que ela nasceu e foi sacrificada quando criança. Mictēcacihuātl era representada com um corpo esfolado e com a boca aberta para engolir as estrelas durante o dia. 

'Santa Muerte' vestida em estilo asteca. No México, o Dia dos Mortos é uma celebração de origem indígena, que honra os falecidos no dia 2 de novembro. Começa no dia 31 de outubro e coincide com as tradições católicas do 'dia dos fiéis defuntos' (que foi adaptado pela igreja católica para ocorrer no próprio dia 02 de novembro) e o 'dia de todos os santos' (no dia 1º de novembro, um dia depois do 'Halloween', no dia 31 de outubro).



Tradução, adaptação de texto e pesquisas paralelas: Éric Tormentvm Aeternvm XVI/XIII


Fonte original do texto: https://www.ancient.eu/Aztec_Sacrifice/



Mexicas: eram um povo indígena de língua náuatle do Vale do México que eram os governantes do Império Asteca, também conhecido como 'culhua-mexica', em reconhecimento à sua aliança de parentesco com os vizinhos Culhua, descendentes dos reverenciados toltecas, que ocuparam a capital tolteca de Tula entre os séculos X e XII. Huitzilopochtli é considerado o deus patrono dos mexicas. 


Guerreiros toltecas representados pelos famosos 'Atlantes de Tula' 



Representação de uma divindade antropomórfica de cobra-ave, provavelmente Quetzalcoatl, no "Templo de Tlahuizcalpantecuhtli" em Tula, Hidalgo



"Tlahuixcalpantecuhtli", ou "Senhor do Amanhecer", como descrito na página 14 do Códice 'Telleriano-Remensis'. O sinal acima dele é o ano 1 (representado pela cana) no calendário asteca. Tlahuixcalpantecuhtli é o deus asteca do planeta Vênus, e era considerado a encarnação de "Quetzalcoatl", 'a serpente emplumada'. 




** OlmecasOs olmecas foram as primeiras civilizações principais conhecidas na Mesoamérica, após um desenvolvimento progressivo em Soconusco (a sudeste de Veracruz) . Eles viviam nas terras baixas tropicais do centro-sul do México, nos estados atuais de Veracruz e Tabasco, no Istmo de Tehuantepec, uma zona designada a 'área nuclear olmeca'. 



Cabeça colossal olmeca N° 1 de San Lorenzo, em Tenochtitlan


Chefe ou Rei Olmeca esculpido em um relevo do Sítio Arqueológico de La Venta em Tabasco.


Tumba olmeca no Parque (ou sítio arqueológico) 'La Venta,' em Tabasco. 


*** John Dee (Londres, 13 de julho de 1527 — Richmond upon Thames, 1608 ou 1609) foi um matemático, astrônomo, astrólogo, geógrafo e conselheiro particular da rainha Elizabeth I. Devotou também grande parte de sua vida à alquimia, adivinhação e à filosofia hermética, e perscrutou os mundos da ciência e da magia. 

Pintura de John Dee datada do século XVI, autor desconhecido 

Em 1582, encontrou-se com o auto-declarado médium inglês Edward Kelley, que o impressionou extremamente com suas habilidades. Juntos (com Edward Kelley como assistente de John Dee), eles criaram a 'linguagem enoquiana' no final do século XVI. Segundo Dee, essa língua teria sido revelada por anjos. Alguns praticantes contemporâneos de magia, como Aleister Crowley, consideravam o 'enoquiano' uma língua útil para ser usada em rituais de línguas antigas com semelhanças com a gramática inglesa. O termo "Enochian" advém da notação de Dee que o patriarca bíblico Enoque, ancestral de Noé, foi o último humano antes dele (Dee e Kelley) à conhecer a língua. Anton Szandor LaVey, fundador da "Church of Satan" ('Igreja de Satã'), incluiu dezenove chaves enoquianas em sua "Bíblia Satânica" ("The Satanic Bible"), escrita em 1969. Dee passou seus últimos anos de vida na pobreza em Mortlake, onde morreu no fim de 1608 ou início de 1609; nessa época, Elizabeth I já morrera, e James I (que foi o rei da Inglaterra de 1603 até sua morte), antipático a qualquer coisa relacionada ao sobrenatural, não lhe auxiliou de forma alguma. 

Uma gravura do século XVIII de Edward Kelley. Obra de R. Cooper 


Rainha Elizabeth I. Retrato de 1575


"John Dee e Edward Kelley invocando os mortos". Obra de autoria do médico, astrólogo e escritor inglês do oculto Ebenezer Sibley (1751 - 1799). 


Ebenezer Sibley (1751 - 1799) 


Artefatos de John Dee, atualmente no Museu Britânico. Entre eles, o espelho asteca feito de obsidiana (um objeto de formação de um espelho de mão, trazido à Europa na década de 1520), que também chegou a ser propriedade de Horace Walpole, aristocrata e romancista inglês que inaugurou um novo gênero literário, o romance gótico, com a publicação da obra "O Castelo de Otranto" ('The Castle of Otranto') em 1764. Na foto, também se encontram o selo maior e mais decorado chamado "selo de deus" (a pedra redonda em pé na foto), usado para apoiar a "Shew-Stone" ('Pedra de Demonstração'), que era a esfera de cristal usada por John Dee. Além dos pequenos selos de cera usados para apoiar os pés da "mesa de prática" de Dee (a mesa em que utilizava a bola de cristal), a própria bola de cristal e um amuleto de ouro gravado com uma representação de uma das visões de Kelley.



Placa comemorativa para John Dee instalada em 2013 dentro da igreja de "St mary the virgin Mortlake", na região chamada 'Grande Londres'. O reconhecimento póstumo veio apenas recentemente, pois era na época considerado como um mágico maligno e não mantinha influência ou relações próximas com seus 'companheiros' de profissão, que o desprezavam. Na placa memorial, ele é reconhecido como "Astrônomo, Geógrafo, Matemático e Conselheiro da Rainha Elizabeth I". 











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